conheci a Nônô há cerca de um ano. soube da sua história logo no início - o Surfista trabalhava, então, com um primo dela, que lhe contou o terrível diagnóstico: a 14 de junho do ano passado, foi-lhe detetado um cancro muito grave e os médicos deram-lhe seis semanas de vida. quando o Surfista me contou isto, a minha única pergunta foi: "como é que uns pais se despedem de um filho?".
a história da Nônô foi-se tornando conhecida e, cerca de um mês depois, um grupo de Mães juntou-se, através do Facebook, e organizou, em dias, um arraial para recolher dinheiro para ajudar a Nônô e o Ivanoel, um adolescente de 14 anos que também estava doente.
infelizmente, o Ivanoel morreu na madrugada do dia do arraial, mas a ajuda que recolhemos foi direcionada para a sua família.
no arraial conheci a Nônô, a "Princesa Guerreira", e a sua Mãe, uma verdadeira heroína, a Vanessa. conversei muito com ela e senti, a dada altura, que ela me confortava. não deveria ser ao contrário?! mas não. a Vanessa é mesmo assim, uma força da Natureza, uma Mãe-Leoa e, claro, a filha seguia-lhe o exemplo de coragem.
ao longo destes 15 meses, fui acompanhando a história, fui falando com a Vanessa. em junho, quando a Nônô foi operada ao pulmão, eu e a Pilar fomos ao hospital e ali estivemos, a fazer companhia à família, que esperava ansiosa o fim da intervenção.
acreditei sempre que esta história teria um final feliz. mas não. a Nônô morreu ontem, já em Lisboa - no último mês esteve na Alemanha a fazer o tratamento com células dendríticas.
tinha cinco anos e um sorriso maravilhoso. foi um exemplo de determinação que nunca esquecerei.
os meus pensamentos e orações estão com a família e amigos.
amanhã vou dar um abraço apertado à Mãe Vanessa, aquele que gostaria de ter dado mais uma vez à Nônô.