O Surfista diz que eu passo a vida a sonhar com viagens. É verdade. São os meus balões de oxigénio. Por várias circunstâncias, tenho/temos viajado muito menos do que eu gostaria. Desde que a Pilar nasceu, passámos a fazer viagens mais curtas, uns dias no Algarve, costa alentejana, Santiago de Compostela, Sevilha, e, mais frequentemente, Málaga, para visitar a madrinha dela e a família espanhola. Depois, quando a Pilar fez dois anos, engravidei novamente e agora temos a Guadalupe, com oito meses. Nunca andámos de avião com elas e temos de resolver isso em breve, nem que seja uma viagem muito curta, só para ver a reação delas [e a nossa, já agora]. A verdade é que não temos muita vontade de fazer viagens maiores quando há sestas que condicionam as manhãs e as tardes, quando há limitações com o que elas comem, quando há fraldas, quando há profilaxias chatinhas, e outras coisas próprias das crianças pequenas que não nos permitiriam usufruir de umas férias de modo mais descontraído. [Claro que nem todos os pais pensam assim e conhecemos vários casais mais relaxados que não deixam de fazer as suas viagens e programas, mesmo com bebés pequeninos. Eu acho que tudo se faz, com alguma descontração, o Surfista é um pouco mais rígido com as rotinas delas, e no meio disto o tempo tem passado sem grandes deslocações].
Por outro lado, tenho tido a sorte de viajar em trabalho. São sempre viagens muito curtas e cansativas, quer pelas distâncias percorridas em tão pouco tempo quer pela quantidade de trabalho. Mas sabe bem arejar, eu preciso muito disso. (Quem não precisa...?)
Sempre brinquei com a ideia: quando me reformar, dou a volta ao Mundo. Quando me reformar...?! Sei lá quando - e se - me reformo.
Nos últimos dias de 2015, houve dois momentos que voltaram a acender este sonho antigo: um amigo que me disse que, no segundo semestre de 2016, vai para a América do Sul com a mulher e os dois filhos pequenos (pouco mais velhos que as nossas), e ter começado a seguir, no instagram, uma família linda, com quatro crianças entre os 10 e os 2 anos, que está a dar a volta ao Mundo. Eles foram loucos, venderam a casa, o carro, móveis, e lá foram eles. Inveja.
E pronto, comecei a falar disto ao Surfista e demos por nós, uma destas noites, a sonhar [acordados] às duas da manhã. Assim de cabeça, definimos o trajeto para a nossa volta ao Mundo, o nosso 'gap year'.
Como é que vamos fazer isto? Não sei.
Mas gosto desta sensação de ter um sonho e de saber que, a partir de agora, vou tomar muitas decisões e realizar muita coisa em função deste objetivo. É bom ter uma meta.
[esta ideia será desenvolvida num blogue próprio, mal eu consiga pôr-lhe um nome]